“O presidente Bush abriu. O presidente Obama prometeu fechá-lo, mas não o fez. O presidente Trump prometeu mantê-lo aberto. Agora é sua vez de decidir.”, escrevem em carta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, um grupo de ex-prisioneiros dos Estados Unidos que foram detidos sem acusação ou julgamento no centro de detenção militar na Baía de Guantánamo.
Todos são autores de livros sobre suas experiências, semelhantes às de prisioneiros de 49 países diferentes que já ocuparam as celas de Guantánamo. São signatários os ex-detentos Mansoor Adayfi, do Yemen; Moazzam Begg, do Reino Unido; Lakhdar Boumediane, da França; Sami Al Hajj, do Qatar; Ahmed Errachidi , do Marrocos; Mohammed Ould Slahi, da Mauritania; e Moussa Zemmouri, da Bélgica.
Eles cumprimento Biden por reverter muitas decisões injustas e problemáticas feitas por Trump, como a revogação da “proibição muçulmana”, que vetava a entrada de muitos árabes no país, mas lembram que há outro processo profundamente falho e injusto que se mantém: a prisão da Baía de Guantánamo, que existe há mais de dezenove anos e que foi construída para abrigar uma população masculina exclusivamente muçulmana.
“Muitos de nós fomos sequestrados de nossas casas, na frente de nossas famílias, e vendidos em troca de recompensas aos Estados Unidos por nações que pouco se importavam com o Estado de Direito. Fomos entregues a países onde fomos fisicamente e psicologicamente torturados, além de sofrer discriminação racial e religiosa sob custódia dos Estados Unidos – mesmo antes de chegarmos a Guantánamo.”, diz a carta.
A carta menciona a fé de Biden, “que ajuda a guiar sua visão de justiça social” e também suas promessas ao se eleger. “Na sua posse, você disse ao mundo: Seremos julgados, você e eu, pela forma como resolveremos essas crises em cascata de nossa era. Estaremos à altura da ocasião.”
Cobrando que o novo presidente faça valer essas palavras, os dignitários indicam alguns passos para fechar Guantánamo, como a devolução não forçada dos 40 prisioneiros que ainda restam na prisão para seus países, desde que livres de perseguição, e que eles tenham condições para recomeçar suas vidas. Além disso, querem que Biden suspenda a a sentença de “prisioneiros para sempre”, feche as comissões militares encarregadas dos relatórios da prisão, e que Guantánamo não chegue a completar seu vigésimo aniversário de terror.
foto Capa: Anistia Internacional