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domingo, fevereiro 4, 2024

Proibir é cuidar

Terezinha Vicente
Terezinha Vicente é jornalista e midialivrista; ecofeminista e libertária; mãe e avó; militante pelo direito à vida humana para todos os humanos e por outro mundo possível!

São mesmo estranhos estes tempos em que vivemos. Nunca pensei ter um dia que concordar com alguma proibição que implicasse em controle do corpo. Ainda mais quando o genocida maior da nação se coloca contra esses controles, e sai a defender liberdades individuais como o direito de ir e vir, de não usar máscara, de não tomar vacina. Ora, a defesa da autonomia dos corpos sempre esteve com quem preza a liberdade e a democracia. Não é o caso. O caso é pensar que liberdade é essa.

Em todas as épocas e culturas naturalizaram-se diversas proibições, com “fake News” (elas estão por toda a história) contadas “pelos deuses e deusas”, pelas religiões, pelos poderosos do topo da pirâmide social,  como forma de controle dos corpos e dos povos. Repressão, impedimentos, vem de todos os lados, até de dentro de nós. Até poucas gerações atrás, a criança não existia na família, não podia abrir a boca. As mulheres, desde o início dos tempos, sabem bem o que é proibição. Delas foi exigida dedicação e subserviência dentro de casa,  abdicação de todos os prazeres, sexuais principalmente, mas também o prazer de ler, ser artista, emitir opiniões e participar da vida pública. A proibição era de ficar “pra titia” e não exercer o sagrado, ser mãe. Quem mandava na família era o chefe – e ainda manda em muitas -, o homem, o patriarca.

A proibição quase sempre está ligada a promessas de prazer e por isso o proibido atrai. Quando me digo antiproibicionista, sempre tem alguém que pergunta: mas então nada pode ser proibido? Não só pode, como deve. Deve ser proibido tudo aquilo que fere outra pessoa, seja em seus direitos, sua dignidade ou seu corpo. Deveriam ser proibidas as guerras, a exploração da natureza (seres humanos inclusos), a apropriação dos bens comuns, o envenenamento da comida, os trabalhos insalubres, a hipocrisia, a falta de amor e solidariedade. Mas quem pensa assim é que tem muitas vezes a privação da sua liberdade. Enquanto o genocida e família pregam atitudes que desfazem o trabalho de cuidar do coletivo, prejudicando toda a população que deveria cuidar.

Não se pode proibir uma pessoa de usar seu próprio corpo para o seu prazer, nem de utilizar para isso qualquer substância acessível na natureza. O sentimento de liberdade e independência é uma das melhores coisas da vida. E eu que prezo essa liberdade, o direito de cada pessoa ser  o quiser ser, quero poder mandar no meu corpo da pele pra dentro, mas sou neste momento a favor do controle dos corpos, temporariamente esperamos.  Defender o desagradável confinamento, o isolamento social que não termina, as não demonstrações de afeto, é muito violentador, mas agora é amor. Nesta pandemia em que nos encontramos, o controle dos corpos, a prisão em casa, a obrigatoriedade da vacina, podem ser traduzidos como cuidados globais.

A história nos surpreendeu com este vírus que foi se disseminando silenciosamente pelo planeta, e mostrou rapidamente o que a gente às vezes leva tempo para explicar. Como nós, os seres humanos, estamos conectados globalmente e como cada um pode infectar a todos. Ou como o confinamento de todos pode diminuir rapidamente o contágio, até acabar a pandemia. Mas se as culturas nos vários continentes são diferentes, seus governantes são mais ainda. E cada um cuidou de seu povo de acordo com sua ideologia. Não à toa, o Brasil faz parte do grupo de países que tem os índices mais altos de contaminados e mortos. Não por acaso, nosso presidente é um negacionista, seu governo é um exercitar da necropolítica, da destruição do planeta e genocídio de partes da humanidade.

Alguém que tivesse inteligência e amor pelo seu povo, daria o direito ao isolamento para toda a população que não tem autonomia pra fazer isso. Criaria condições para abrigar com segurança sanitária todos os moradores de rua, todos os sem teto, todos os desprovidos.  Ao contrário, o abandono dos não privilegiados escancarou a miséria e está ampliando a desigualdade e o contágio. O que vimos, além do desserviço do genocida, foi desvio de recursos, pelos governantes, em cima da compra de equipamentos necessários ao combate da doença; milhares de testes perdendo a validade escondidos pelo governo, alardeados hospitais de campanha e propaganda, onde a última coisa em que se pensava era quem seriam os profissionais a trabalhar ali. Temos também um dos maiores índices de contágio e morte dos trabalhores da saúde.

Confinamento atualmente é proteção. E desconfinamento também. O Irã foi o primeiro país a determinar a soltura de quase 100 mil presos numa tentativa de conter a rápida disseminação do vírus no sistema carcerário. Vários países como Portugal, Canadá, Alemanha, Inglaterra, entre outros, estabeleceram políticas de soltura de presos por crimes mais leves ou que estivessem perto de concluir suas penas. Em todos os países houve tensionamento no sistema carcerário devido a Covid 19 e por aqui tivemos inclusive algumas revoltas logo no início da pandemia. O sistema prisional brasileiro é mega lotado de pessoas inocentes e insalubridade, não acesso à saúde, repleto de privações, completamente abandonado pelo Estado.

Mas para o genocida de plantão no planalto, essas pessoas não contam nada, melhor que morram. Para ele, que tem passado a pandemia a debochar da doença e a propagandear práticas de total descaso com o outro, pouco importam as centenas de milhares de vidas que serão impedidas de seguir. Parece até que o miliciano chefe gosta de brincar de quem deve viver e quem deve morrer. Necropoder. E agora conta com aliado poderoso – o coronavírus.

Imagem Os Amantes – René Magritte (1928)Confinamento atualmente é proteção. E desconfinamento também…

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