O Fórum Social Mundial é um encontro de muitas narrativas, mas nem todas fluem igualmente pelos caminhos digitais.
O alcance tem condicionantes econômicos, financeiros, políticos, regionais e culturais.
O alcance tem ainda padrões de adestramento das narrativas. Se quem envia uma mensagem deseja que essa mensagem seja lida, deve transformá-la em outra mensagem – para seguir os padrões impostos pelos algorítimos.
O imaginário político coletivo é um campo em disputa
As mídias livres sempre contribuíram para agregar o pensamento crítico ao pensamento massificado. Por isso, hoje, têm sido progressivamente silenciadas.
Hoje são as corporações e suas clientelas políticas, econômicas e repressivas que mais interferem nos fluxos da comunicação
Porque elas detêm o controle majoritário sobre os dados digitais
A internet não é uma Ágora democrática, mas pode e deve ser. É por isso que sonhamos e lutamos por ela, pensando em princípios que devemos cobrar.
Devemos lutar para que sua governança coletiva sirva aos interesses da humanidade. Então precisamos atuar dentro dela, mas também nos espaços que discutem e decidem sua governança.
Que todos tenham acesso aos códigos e algorítimos que determinam padrões de comportamento e possam questioná-los e modificá-los,
Que os monopólios sejam detidos. Ainda é um campo do capitalismo selvagem.
Que o discurso de ódio seja combatido e que a internet seja lugar dos muitos pensamentos que formam o coletivo
Sem amarras para o pensamento progressista, feminista, antirracista, revolucionário, hoje na mira das intolerâncias e xenofobias
Que a infraestrutura e direito de acesso chegue a todos os lugares
Que nenhum movimento por democracia, direitos e liberdades seja submetido à vigilância dos governos e serviços repressivos
Que nenhum povo ou etnia ou segmento social seja criminalizado pelo livre trânsito digital dos ideários supremacistas e coloniais ou silenciado por padrões digitais excludentes e exclusivistas.
Que nenhuma corporação seja detentora dos dados sugados das escolas e comunidades por meio de plataformas privadas de organização do ensino.
E que nenhum povo seja espoliado de seus recursos naturais para abastecer a indústria da informática, dos smartfones,
Que a diversidade cultural seja protegida, estimulada, promovida e assegurada por meio da liberdade de expressão.
Que as mídias livres e alternativas, portadoras deste debate, sejam protegidas e estimuladas.
Que a internet não silencie as várias formas de comunicação que existem fora dela ou articuladas com ela, e pelo contrário sirva para promovê-las, em especial as rádios comunitárias.
Que a internet não seja o único lugar para a guarda de nossos dados, memórias, conhecimentos. Não vamos esquecer a natureza do digital e a facilidade dos apagões.
Que as mídias da radiodifusão sejam reguladas para uma governança pública, participativa e democrática, para que não se transformem em novas colonizadoras do mundo digital em função de interesses privados, mercadológicos e corporativos
Que o FSM seja lugar privilegiado para este debate, que valorize as práticas alternativas, autônomas e não corporativas, assim como os códigos livres e abertos, criados pelos movimentos digitais.
Que as lutas sociais sejam também portadoras ativas das lutas unificadas pelo direito à comunicação, democracia e transparência na internet e liberdade de expressão.